Aceitação
Diante
de mim se revela
A
tua face mais linda
Mais
bela,
Como
pintada em aquarela
Em
cores que o artista pincela
Em tons que nunca vi.
Ah!
Quisera.
Perder
de todo o senso, a medida
Ficar
destrambelhada da vida
Cravar
com um punhal a ferida
Buscar
de toda a sorte a saída
Desamarrar
minhas amarras partidas
Forjar
toda a certeza sentida
Ah!
Quisera.
Tirar
de toda pedra o leite
Gozar
de todo amor o deleite
Sangrar
do solo fértil a semente
Aceitar
tua verdade indolente
Ah!
Quisera.
Perder
as estribeiras, o rumo
Ficar
de pés no chão, mas sem prumo
Soltar
minha risada sincera
Cair
e levantar por tabela
Chamar
de estúpida toda quimera
E
assim mesmo acreditar nela
Ah!
Quisera.
Tocar
este teu peito forjado
De
aço, de ferro e fogo estampado
Seguir
a longa estrada sombria
Descobrir,
na vida sempre há duas vias
Correr,
batendo o vento no rosto,
Provar
de toda fruta o gosto
Ficar
calada em noite de frio
Aceitar
o teu querer mais tardio
Ah!
Quisera.
Pedir,
mais não por contas do avesso
Escrever
mesmo esquecendo endereço
Amar,
a todo e a qualquer preço
Lembrar
de tudo o que nunca esqueço
Fazer
confidencias a quem não conheço
Ah!
Quisera.
Toda
vez que ouvir teu nome
Sentir
tremenda e tamanha fome
Que
nada de tudo o que já se come
Saciara
em mim essa vontade enorme
Ah!
Quisera.
Ouvir
a música de Deus e a profana
Tomar
o suco da doce cana
Correr
no mato feito cigana
Trocar
meu nome, chamar-me Ana.
Ah!
Quisera.