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segunda-feira, 12 de maio de 2014


Aceitação




Diante de mim se revela

A tua face mais linda

Mais bela,

Como pintada em aquarela

Em cores que o artista pincela

Em tons que nunca vi.

Ah! Quisera.

Perder de todo o senso, a medida

Ficar destrambelhada da vida

Cravar com um punhal a ferida

Buscar de toda a sorte a saída

Desamarrar minhas amarras partidas

Forjar toda a certeza sentida

Ah! Quisera.

Tirar de toda pedra o leite

Gozar de todo amor o deleite

Sangrar do solo fértil a semente

Aceitar tua verdade indolente

Ah! Quisera.

Perder as estribeiras, o rumo

Ficar de pés no chão, mas sem prumo

Soltar minha risada sincera

Cair e levantar por tabela

Chamar de estúpida toda quimera

E assim mesmo acreditar nela

Ah! Quisera.

Tocar este teu peito forjado

De aço, de ferro e fogo estampado

Seguir a longa estrada sombria

Descobrir, na vida sempre há duas vias

Correr, batendo o vento no rosto,

Provar de toda fruta o gosto

Ficar calada em noite de frio

Aceitar o teu querer mais tardio

Ah! Quisera.

Pedir, mais não por contas do avesso

Escrever mesmo esquecendo endereço

Amar, a todo e a qualquer preço

Lembrar de tudo o que nunca esqueço

Fazer confidencias a quem não conheço

Ah! Quisera.

Toda vez que ouvir teu nome

Sentir tremenda e tamanha fome

Que nada de tudo o que já se come

Saciara em mim essa vontade enorme

Ah! Quisera.

Ouvir a música de Deus e a profana

Tomar o suco da doce cana

Correr no mato feito cigana

Trocar meu nome, chamar-me Ana.

Ah! Quisera.